Você já ouviu falar que existe uma raça de gatos que é considerada hipoalergênica. Ahn? Sim, hipoalergênica, ou seja, que provoca bem menos alergia em pessoas propensas a sentirem problemas diante de gatos.

Como assim?

Entendendo melhor a questão, podemos começar a afirmar que não existe apenas um tipo de alergia que pessoas sentem com relação a gatos. Há, ao menos, dois tipos de alergia: uma que é associada diretamente ao pelo do animal; e outra, que é associada a um tipo de caspa que o animal libera.

Haveria, como se propaga, uma raça de gatos hipoalergênica?

Por que o gato da raça bengal, por exemplo, seria hipoalergênico?

Ele tem como característica o pelo curto, o que faz com que solte menos fios pelos ambientes. Outra característica que favorece a raça no convívio com alérgicos é que ela não tem tanta caspa quanto outras raças.

Infelizmente, para alguns sensíveis a pelos, há as trocas de pelos também nos bengals, então, a esse tipo de alérgicos recomenda-se alguma medida preventiva ou até não se aproximar do animal, talvez nem possuir um, já que alergia não tem cura. Conhecer seu tipo de problema alérgico, portanto, é a primeira medida.

Há quem afirme que a alergia pode ser trabalhada, como um processo de adaptação – é só conviver com o bichano, principalmente em épocas em que não corre a troca de pelos, por exemplo, que a pessoa se acostuma. Vejamos a opinião de especialistas.

 

A visão científica dos especialistas

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O ThermoFischer Scientific, instituição científica dos EUA, tem um boletim sobre alergia em que divulga informações para pacientes.

A primeira coisa que eles apontam são os sintomas associados ao problema: lacrimejamento nos olhos, espirros após brincar com um animal peludo ou após ter ficado perto de um cão ou um gato.

O que são os pelos dos animais?

Eles são uma combinação de pele, dos fios a que chamamos pelos e de saliva. Eles são leves e extremamente pequenos, podendo ficar, por conta disso, horas no ar, até permanecer no ambiente ou nas roupas das pessoas, em tapetes, colchões ou estofados, ou seja, podem causar sintomas muito tempo depois de ter o animal saído de um local. As pessoas, sem saber, podem estar transportando-os para onde forem, o que as incomodará, certamente, em suas atividades cotidianas.

A alergia a animais peludos (cães e gatos, em particular) é tida como um fator de risco para o desenvolvimento de asma e rinite alérgica. De fato, quase 30% das pessoas com asma já tiveram uma crise dessa doença desencadeada por gatos.

E, infelizmente, concluem os especialistas: apesar do que você pode ter ouvido, não há raças realmente hipoalergênicas de cães ou gatos.

Em casos de alergias mais intensas, outros sintomas podem surgir, como: nariz entupido ou coriza; dor facial em decorrência da congestão nasal; tosse, chiado ou dificuldade para respirar; olhos vermelhos, irritados ou muito lacrimejantes; e erupções cutâneas, as chamadas brotoejas.

O que ocorre é que responder à pergunta se alguém é ou não alérgico a um animal, seja a seu pelo ou à caspa que ele libera, não é simples de responder apenas com um sim ou não a partir de sintomas, principalmente se forem sintomas também de outras problemas – os problemas respiratórios, por exemplo, em locais muito poluídos, podem ser desencadeados por outros fatores.

Existem algumas proteínas que são liberadas por animais, e o alérgico deve conhecer exatamente qual é a proteína desencadeadora do problema e qual a gravidade do risco associado a essa proteína. É possível, a partir de testes sanguíneos específicos, aproximar-se de uma resposta mais objetiva a questões como: ‘posso manter meu gato?’; ‘o convívio com meu bicho pode piorar meus sintomas alérgicos?’; ‘é possível que eu seja alérgico a um tipo de animal específico?’.

O melhor conselho é: procure seu médico, então, se você for alérgico!  

As características mais favoráveis do bengal são soltar menos pelos no ambiente do que outros gatos e liberar menos caspa. O quanto isso vai incomodá-lo ou não é uma questão mais sua do que dele. Os riscos devem ser sempre calculados com a ajuda de especialistas médicos e de boas informações.

Se não há animais hipoalergênicos, como querem os especialistas, pelo menos há alguns que liberam menos substâncias que possam conter proteínas que desencadeiam em pessoas alérgicas problemas a elas associados. Procure saber como é o seu animal especificamente e como é você. Um dos principais mentores da filosofia, que foi, inclusive, o criador da palavra ‘filosofia’, que foi o filósofo Sócrates, ponderava que todos deveríamos promover o autoconhecimento. Então, a sua lição eterna que nos guie!

 

O que existe de verdade? Como controlar?

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Agora, estamos diante de um impasse: podemos contar com os bengals como sendo animais hipoalergênicos ou não?

Tudo se resolve com o conhecimento.

Em primeiro lugar, para tranquilizar a maioria dos donos de animais domésticos: a alergia a animais não significa necessariamente que o alérgico precisa se livrar de seu animalzinho de estimação para se sentir aliviado dos sintomas.

O que fazer, então?

Não é com desespero que se resolvem os problemas, mas com um gerenciamento eficaz da exposição aos agentes que desencadeiam a alergia, antes que ela atinja o que os especialistas chamam de limiar dos sintomas, que é o ponto em que o alérgico começa a apresentá-los.

Gerenciar a exposição é simplesmente deixar o alérgico abaixo do limiar dos sintomas, assim, ele poderá manter seu animal e tolerar menos sintomas. A isso os leigos chamam de animais hipoalergênicos, e a ciência chama de gerenciamento da exposição ao agente alérgeno, ou seja, o que provoca a alergia. Não é um simples nome técnico, porque o alérgico terá sempre predisposição aos sintomas provocados pela exposição a pelos de animais ou à caspa liberada por alguns gatos.  

 

A questão é mais humana do que animal

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Por incrível que pareça, o alérgico não tem sintomas o tempo todo. Isso não é tão óbvio assim, como alguns pensam, porque parece fácil concluir que a alergia só aparece diante da exposição a agentes alérgenos (só que, em testes psicológicos, isso pode trazer surpresas até para essa aparente obviedade).

O fato é que cada pessoa tem sua própria combinação única de desencadeantes alérgicos e nem todos eles são óbvios aos leigos.

Um alérgico pode ser sensível a várias fontes de alérgenos, mas isso pode significar que a sensibilidade pode não ser a suficiente para desencadear os sintomas quando o alérgico é exposto a apenas um dos fatores alérgenos. Se, entretanto, aparecerem diante do alérgico várias substâncias, ao mesmo tempo, às quais o alérgico reage, elas podem se acumular e provocar os sintomas – no caso da alergia a pelos de animais, por exemplo, os sintomas podem ser coceira nos olhos ou coriza. 

A medida é encontrar as várias substâncias alérgenas, o que pode ajudar um alérgico a ficar abaixo de seu limiar de sintomas. 

Foi constatado pelos especialistas do ThermoFischer Scientific que 80% das pessoas alérgicas têm alergia a vários alérgenos. Daremos abaixo um exemplo que ocorre em ambientes urbanos sobre efeitos acumulativos de alérgenos.

Na maior parte do ano, mais precisamente, em três das estações – verão, outono e inverno –, alguém com baixo nível de alergia a ácaros, mofo e pólen de gramíneas, separadamente, não apresenta nenhum sintoma ou apenas algum sintoma bem leve.

Porém, na primavera, quando é a estação de florescimento, ou seja, de multiplicação de vegetais, a época em que ocorre a polinização, tempo em que o pólen das flores se espalha no ar, o alérgico pode apresentar sintomas e acreditar que a alergia é decorrente apenas da exposição ao pólen, quando ela pode resultar do efeito cumulativo com mofo e ácaros.

Além de descobrir se é a associação que desencadeia os sintomas, também é necessário conhecer o seu limiar, que é o ponto a partir do qual ocorrem os sintomas.

Quanto aos animais, o fato de se saber que um animal solta menos pelos e libera menos caspa pode ajudar na escolha de uma raça. O bengal, por exemplo, pode ser um excelente indicador para o conhecimento do limiar de sintomas a alguém alérgico, na comparação com o convívio com outras raças.

Pode ser, então, que quem queira optar por ter um gato e descubra algum tipo de alergia, acumulativa ou não, possa conhecer melhor o seu limiar e – quem sabe? – optar pelo que os leigos andam chamando de raça hipoalergênica e os especialistas, discordando dos leigos, afirmam que pode ser uma raça que desencadeia menos sintomas, dependendo do limiar, a alérgicos.

Independentemente da nomenclatura, podemos, como conclusão, além do necessário conhecimento, sempre, louvar essa vantagem dos bengals. Afinal, é deles que se trata a questão. Resta saber se os bengals ou qualquer outra raça ou qualquer outro animal também não tem lá suas alergias a humanos e às intervenções humanas no ambiente (como a poluição, por exemplo). Acho que nós, humanos, não teríamos muita coisa hipoalergênica a oferecer, estaríamos em franca desvantagem diante dos outros animais.


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